
31 dezembro 2010
26 dezembro 2010
Me empenho em construir uma imagem de mim no imaginário dos que me rodeiam. Mas de repente, de um instante para o outro, num deslize, um descuido, desfaço a casca que me protege em pedaços e me deixo ver no interior, assustado, frágil, encolhido num canto de mim. Um selvagem bom frente aos brancos. É isso. Sem mato a vista para onde fugir nem armas na mão para lutar. Me deixo ver apenas, com muita vergonha da minha nudez.
Queria explodir em cólera num grito tribal e despedaçar faces com meus dentes e unhas, só porque ele está ali a olhar para mim com um sorriso leve e enigmático.
Queria explodir em cólera num grito tribal e despedaçar faces com meus dentes e unhas, só porque ele está ali a olhar para mim com um sorriso leve e enigmático.
24 dezembro 2010
Quando conversamos ou discutimo sobre um assunto qualquer é muito mais difícil exprimir pensamentos complexos por palvras simples do que pensamentos simples por palavras dificeis. O segundo interlocutor, aquele que recorre às páginas esquecidas de um dicionário antes de dizer qualquer banalidade, pensa ser sábio quando na verdade mostra que nem sabe o que é sabio e que apenas fala pela vontade de o ser. O primeiro, quando consegue ir fundo, é sabio, sabe que o é, e não se vangloria disso.
Sou aquele que tem sempre um dicionário do lado e que demora 2 horas para rechear 2 linhas com palavras obscuras e desnecessárias, e muitas vezes mal empregues para discursar algo que poderia ser dito facilmente com meia dúzia de palavras copiadas de uma receita de bolo.
Para escrever e reescrever esse texto demorei exatos 28 minutos. Tentei usar palavras simples para me encaixar no grupo dos sábios. Ao fazer isso, fiz em conjunto justiça ao escrito.
PS: do instante que escrevi "28minutos" até agora, demorei 9minutos. Só pra vc vêr!
PS2: mais 5 com "detalhes".
PS3: 2 com ajustes
Sou aquele que tem sempre um dicionário do lado e que demora 2 horas para rechear 2 linhas com palavras obscuras e desnecessárias, e muitas vezes mal empregues para discursar algo que poderia ser dito facilmente com meia dúzia de palavras copiadas de uma receita de bolo.
Para escrever e reescrever esse texto demorei exatos 28 minutos. Tentei usar palavras simples para me encaixar no grupo dos sábios. Ao fazer isso, fiz em conjunto justiça ao escrito.
PS: do instante que escrevi "28minutos" até agora, demorei 9minutos. Só pra vc vêr!
PS2: mais 5 com "detalhes".
PS3: 2 com ajustes
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pensamento
23 dezembro 2010
22 dezembro 2010
21 dezembro 2010
o portugal que não se vende

É expressamente proibido exportar!
Esta paisagem destina-se apenas ao consumo interno.
Esta paisagem destina-se apenas ao consumo interno.
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fotografia
20 dezembro 2010
17 dezembro 2010
Fotografia que faz recordar e sentir
Outro dia ao ver uma foto lembrei de currais e vaquinhas feitas com limões e palitos de dente que minha avó me ensinou a fazer, lembrei de rodeios com tanajuras e lutas brutais entre formigas vermelhas no fundo do quintal, lembrei também de estradinhas tortas, rabiscadas na calçada com lajota das reformas que corriam lá por casa, e nelas carrinhos de plástico azul com rodas que não rodavam. Lembrei então que nessa mesma calçada rachada pelas raízes de duas árvores que cresceram comigo e na qual eu passava minhas tardes brincando sem camisa, um dia meu pai escreveu seu nome no cimento fresco, e sumiu em um fiat 147 verde, deixando lá, naquela marca sólida o único sinal da sua vaga presença em minha infância. Aos 10, perdi uma tarde com um prego enferrujado raspando pacientemente o concreto, tudo isso para acrescentar um "í" antes do "h", transcrevendo seu nome para o meu. Dai em diante, aquele signo gravado passou a representar sua inexistência e consolidar a minha indiferença que permanece até os dias de hoje.
O engraçado é que não foi uma fotografia de quando eu era criança que disparou minha memória, mas uma fotografia de um fotografo que nunca me fotografou, e nunca saberá que eu existo, e que também nunca saberá o que sua fotografia descompromissada provocou em mim.
Quando fotografo, é esse tipo de fotografias que procuro fazer. E espero que em um dia desses venha uma das minhas provocar o que eu senti à uma pessoa qualquer perdida no mundo.
O engraçado é que não foi uma fotografia de quando eu era criança que disparou minha memória, mas uma fotografia de um fotografo que nunca me fotografou, e nunca saberá que eu existo, e que também nunca saberá o que sua fotografia descompromissada provocou em mim.
Quando fotografo, é esse tipo de fotografias que procuro fazer. E espero que em um dia desses venha uma das minhas provocar o que eu senti à uma pessoa qualquer perdida no mundo.
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pensamento
15 dezembro 2010
Por quê fotografo?
No alto da ociosidade me perguntei: por quê fotografo?
Pensei exaustivamente, procurei respostas prontas gerada na cabeça de pensadores com intenção de toma-las como minhas, mas no final das contas, eu por mim nada conclui, e das idéias dos pensadores nenhuma me satisfez.
A pergunta continua a ecoar no meu intimo sem resposta, e vai lentamente criando um vazio insuportável, uma crescente ausência de sentido, uma falta de incômoda de explicação. Então, para preencher esse vazio, no meu âmago só me vem a vontade de continuar fotografando exatamente à minha maneira, e sem pressas deixar que as coisas aconteçam por si sós, sem forçar a barra nem me preocupar com "porquês" "para-quês" e "comos", deixar fluir a transformação latente que através da fotografia se opera no meu mundo e em mim.
Sou um sentimental confesso, e sei apenas genuinamente sentir, não sei traduzir sentimentos. Talvez fotografar seja apenas sentir e fotografia, sentimento. Mas isso me soa muito simples para convencer.
Aqui dentro um dialogo aristotélico na qual sou mestre e aluno simultaneamente, insiste em lançar impetuosamente perguntas, forçando o parto de idéias.
Cabe a mim gerir com precisão esse parto que por ser solitário é mais lento e sofrido. Meu medo é desencadear um aborto ou gerar um feto deformado, meu maior medo é morrer com uma vida prestes a nascer, aqui, dentro de mim.
Pensei exaustivamente, procurei respostas prontas gerada na cabeça de pensadores com intenção de toma-las como minhas, mas no final das contas, eu por mim nada conclui, e das idéias dos pensadores nenhuma me satisfez.
A pergunta continua a ecoar no meu intimo sem resposta, e vai lentamente criando um vazio insuportável, uma crescente ausência de sentido, uma falta de incômoda de explicação. Então, para preencher esse vazio, no meu âmago só me vem a vontade de continuar fotografando exatamente à minha maneira, e sem pressas deixar que as coisas aconteçam por si sós, sem forçar a barra nem me preocupar com "porquês" "para-quês" e "comos", deixar fluir a transformação latente que através da fotografia se opera no meu mundo e em mim.
Sou um sentimental confesso, e sei apenas genuinamente sentir, não sei traduzir sentimentos. Talvez fotografar seja apenas sentir e fotografia, sentimento. Mas isso me soa muito simples para convencer.
Aqui dentro um dialogo aristotélico na qual sou mestre e aluno simultaneamente, insiste em lançar impetuosamente perguntas, forçando o parto de idéias.
Cabe a mim gerir com precisão esse parto que por ser solitário é mais lento e sofrido. Meu medo é desencadear um aborto ou gerar um feto deformado, meu maior medo é morrer com uma vida prestes a nascer, aqui, dentro de mim.
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pensamento
12 dezembro 2010
11 dezembro 2010
para evitar desordem
Hoje, para evitar a desordem postei em seqüência de coisas a série «crônica_desorganização».
São 5 fotografias em forma de confissão semi-explicita de aspectos de personalidade, comportamento e situação, dos quais normalmente evitamos a todo custo dizer ou mostrar aos outros. Com isso, ao despir a máscara proponho antes, desmascarar comigo todos os homens, para que depois possa me entregar ao julgo destes sabendo que eles me julgam conscientes de que são também os próprios réus.
São 5 fotografias em forma de confissão semi-explicita de aspectos de personalidade, comportamento e situação, dos quais normalmente evitamos a todo custo dizer ou mostrar aos outros. Com isso, ao despir a máscara proponho antes, desmascarar comigo todos os homens, para que depois possa me entregar ao julgo destes sabendo que eles me julgam conscientes de que são também os próprios réus.
10 dezembro 2010
09 dezembro 2010
08 dezembro 2010
07 dezembro 2010
é mal do herói, mano
"Comé zuka, então tira lá um retrato de um tuga preto pros tropas do Brasil ver"

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fotografia
auto retrato diante do espelho
Esse não sou eu. Sou eu diante do espelho em confronto direto com meu ego. Sou eu preocupado com a expectativa alheia. Sou eu fotografado o que é muito diferente. Diante da obetiva sou dominado pelo poder da fotografia então esboço uma pose forçada, me transformo automaticamente antecipando a imagem. A imagem refletida no espelho tem poder, a imagem produzida pela aparelho também tem poder. Mais que diabo de poder é esse? Que poder é esse que a imagem tem de nos usar, de nos modificar naquele instante que estamos prestes a ser retratados? Que força é essa que emana do espelho quando olhamos nosso reflexo no fundo dos olhos?
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fotografia,
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06 dezembro 2010
.
É fechar os olhos sob o pesado cobertor que me separa do mundo
e deixar que os neurónios descarreguem em raios tempestuosos
ordenadas frases pensadas dentro da intimidade tão secreta,
tão secreta que a memoria não é capaz de resgatar e recriar
e depois talhar numa pedra a beira da estrada
O mais belo poema, a mais profunda reflexão nunca vai saltar para fora,
o tentar expulsar dissipa a densa nuvem de palavras
então a chuva cessa num instante e a luz do sol queima a retina
a pupila comprime para tornar a claridade suportável
Bom seria permanecer eternamente em mim
nessa escuridão contemplativa,
até descobrir os segredos de ser
A única verdade certa
é que toda essa farsa encenada
é verdadeiramente genuína
mentira inconsciente
E mais ...
E mais além ...
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poesia
05 dezembro 2010
04 dezembro 2010
02 dezembro 2010
01 dezembro 2010
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