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24 dezembro 2010

Quando conversamos ou discutimo sobre um assunto qualquer é muito mais difícil exprimir pensamentos complexos por palvras simples do que pensamentos simples por palavras dificeis. O segundo interlocutor, aquele que recorre às páginas esquecidas de um dicionário antes de dizer qualquer banalidade, pensa ser sábio quando na verdade mostra que nem sabe o que é sabio e que apenas fala pela vontade de o ser. O primeiro, quando consegue ir fundo, é sabio, sabe que o é, e não se vangloria disso.

Sou aquele que tem sempre um dicionário do lado e que demora 2 horas para rechear 2 linhas com palavras obscuras e desnecessárias, e muitas vezes mal empregues para discursar algo que poderia ser dito facilmente com meia dúzia de palavras copiadas de uma receita de bolo.

Para escrever e reescrever esse texto demorei exatos 28 minutos. Tentei usar palavras simples para me encaixar no grupo dos sábios. Ao fazer isso, fiz em conjunto justiça ao escrito.

PS: do instante que escrevi "28minutos" até agora, demorei 9minutos. Só pra vc vêr!

PS2: mais 5 com "detalhes".

PS3: 2 com ajustes

17 dezembro 2010

Fotografia que faz recordar e sentir

Outro dia ao ver uma foto lembrei de currais e vaquinhas feitas com limões e palitos de dente que minha avó me ensinou a fazer, lembrei de rodeios com tanajuras e lutas brutais entre formigas vermelhas no fundo do quintal, lembrei também de estradinhas tortas, rabiscadas na calçada com lajota das reformas que corriam lá por casa, e nelas carrinhos de plástico azul com rodas que não rodavam. Lembrei então que nessa mesma calçada rachada pelas raízes de duas árvores que cresceram comigo e na qual eu passava minhas tardes brincando sem camisa, um dia meu pai escreveu seu nome no cimento fresco, e sumiu em um fiat 147 verde, deixando lá, naquela marca sólida o único sinal da sua vaga presença em minha infância. Aos 10, perdi uma tarde com um prego enferrujado raspando pacientemente o concreto, tudo isso para acrescentar um "í" antes do "h", transcrevendo seu nome para o meu. Dai em diante, aquele signo gravado passou a representar sua inexistência e consolidar a minha indiferença que permanece até os dias de hoje.

O engraçado é que não foi uma fotografia de quando eu era criança que disparou minha memória, mas uma fotografia de um fotografo que nunca me fotografou, e nunca saberá que eu existo, e que também nunca saberá o que sua fotografia descompromissada provocou em mim.

Quando fotografo, é esse tipo de fotografias que procuro fazer. E espero que em um dia desses venha uma das minhas provocar o que eu senti à uma pessoa qualquer perdida no mundo.

15 dezembro 2010

Por quê fotografo?

No alto da ociosidade me perguntei: por quê fotografo?
Pensei exaustivamente, procurei respostas prontas gerada na cabeça de pensadores com intenção de toma-las como minhas, mas no final das contas, eu por mim nada conclui, e das idéias dos pensadores nenhuma me satisfez.

A pergunta continua a ecoar no meu intimo sem resposta, e vai lentamente criando um vazio insuportável, uma crescente ausência de sentido, uma falta de incômoda de explicação. Então, para preencher esse vazio, no meu âmago só me vem a vontade de continuar fotografando exatamente à minha maneira, e sem pressas deixar que as coisas aconteçam por si sós, sem forçar a barra nem me preocupar com "porquês" "para-quês" e "comos", deixar fluir a transformação latente que através da fotografia se opera no meu mundo e em mim.

Sou um sentimental confesso, e sei apenas genuinamente sentir, não sei traduzir sentimentos. Talvez fotografar seja apenas sentir e fotografia, sentimento. Mas isso me soa muito simples para convencer.
Aqui dentro um dialogo aristotélico na qual sou mestre e aluno simultaneamente, insiste em lançar impetuosamente perguntas, forçando o parto de idéias.

Cabe a mim gerir com precisão esse parto que por ser solitário é mais lento e sofrido. Meu medo é desencadear um aborto ou gerar um feto deformado, meu maior medo é morrer com uma vida prestes a nascer, aqui, dentro de mim.

07 dezembro 2010

auto retrato diante do espelho

Esse não sou eu. Sou eu diante do espelho em confronto direto com meu ego. Sou eu preocupado com a expectativa alheia. Sou eu fotografado o que é muito diferente. Diante da obetiva sou dominado pelo poder da fotografia então esboço uma pose forçada, me transformo automaticamente antecipando a imagem. A imagem refletida no espelho tem poder, a imagem produzida pela aparelho também tem poder. Mais que diabo de poder é esse? Que poder é esse que a imagem tem de nos usar, de nos modificar naquele instante que estamos prestes a ser retratados? Que força é essa que emana do espelho quando olhamos nosso reflexo no fundo dos olhos?

27 novembro 2010

folhas

Colo aqui sem muito entusiasmo, também por que não tenho mais o que fazer a não ser manter-me acordado, uma foto que talvez foi a primeira que julguei ser rasoavelmente boa. É claro para quem tem um mínimo de senso critico, e percebe um dedo de fotografia sabe que ela não passa de um snap-shot vulgar. De qualquer forma, tem uma valor sentimental e por isso merece estar aqui.

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:: Não se pode falar muito sobre algo do qual não temos nada a dizer. São 3:10am, na Aldeia de Paio Pires, Portugal. O inverno chegou como uma rajada de vento sorrateira e gélida que nos leva o chapéu ao chão e faz abanar as cortinas com em um filme de terror. Vai pra o caralho, vou comprar uns cigarros. Foda-se a maltido frio ::






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24 novembro 2010

Mesa de cabeçeira


Solidão, insegurança, falta de dinheiro, acaso, a morte, pensamentos. Minhas inquietações dormem ao lado, o sono é sempre profundo, não há sonhos, não há pesadelos, só um imenso nada separa a noite do dia.

19 novembro 2010

Seber existir


Para além da porta a multidão caminha entre pessoas.

Por todo lado há distribuição gratuita de bons-dias e boas-tardes. Nos cafés, sempre cheios, fala-se de futebol, bebe-se imperial, come-se pastel de bacalhau e depois do arroto diz-se "com licença". Nas ruas, seres sem face caminham com pressa, esbarram-se uns contra os outros, lutam contra o tempo na ânsia de chegar a lugar algum.
Tranquilos como se tudo estivesse perfeitamente assentado no seu lugar, passam seus dias absortos em tudo que os rodeiam, entregues ao acaso, sem consciência de si, integrados no todo como uma peça de maquina. Eles existem unicamente para dar continuidade a existência.

Antes de questionar o sentido do existir também fora eu uma peça de maquina, uma peça de máquina feliz.
Agora o caos fervilha na minha alma. As vozes, o bater dos sapatos na calçada, o tilintar dos copos pousados no balcão, são como  uma metralhada de agulhas disparada a queima- roupa.


Uma tempestade de perguntas afloram espontâneamente no meu espírito. A grande questão: Qual o sentido da nossa existência? Por quê nos mantemos vivos se vamos morrer mais dia menos dia, se tudo que foi passado antes do fim, toda a riqueza, os amores, as lembranças, tudo que foi vida se desintegrará? Já alguns pensadores procuraram responder essas perguntas pergunta, a conclusão de nada valerá.

Hoje mantenho-me vivo, amanhã não posso dizer. Hoje deixo-me viver por preguiça. Neste momento só tenho sono e apenas quero escrever qualquer coisa que me faça suportar o pesado fardo de existir por existir.

19 junho 2010

Vou me armar e sair. Mal sei o que me espera e os riscos que corro. Até

13 junho 2010

Promessa


Me disseram que era boa mas não fiquei convencido. Sendo assim vou aos poucos desistindo como faço com tudo, vou aos poucos esquecendo a máquina na mesa de cabeceira, e essa foto também não me é útil como estimulo para manter promessa em pé. Prometi fotografar mesmo quando não conseguisse nada de jeito, e continuar a fotografar mesmo sabendo que não nasci para isso. Deixo para amanha, me falta vontade de sair por ai. Hoje tenho receio de não cumprir o que prometi para mim mesmo, e esse texto é a única prova.
Essa foto também é a prova do receio de não conseguir cumprir uma promessa, não a minha,mas a da criança. Sei por que vi e ouvi!


02 junho 2010

Árvore

Já faz algum tempo e nem tudo mudou para melhor. Andei perdido, e continuei a caminhar quando já estava longe e não sabia o caminho de volta. Inconseqüente, fui sempre em frente, sem pensar no regresso, sem me preocupar com o distanciamento e com o cansaço. Passei por ruas estreitas, becos, guetos, saltei muros, atravessei parques, a pontes e o rio, então sentei na areia da praia. Era madrugada fria e adormeci. Amanheceu, novo dia, dia nublado. Caminhando de volta para casa me vejo na beira da estrada: estatico, preso, inerte ao sabor do tempo, estava triste, decadente. Penso: "Sou eu ali visto por mim. Sou eu aqui a olhar para mim", continuo. Já tive flores e folhas verdes, hoje sou o que resta depois do fogo passar. Preto, branco e cinzas.


01 junho 2010

Na praia, o peixe na areia





Deslocado, tresloucado. Sinto saudades do meu mar salgado e frio, sinto falta de nadar na minha onda e no meu cardume ser só mais um peixe.

Há angústia quando o meio não é o nosso. Fora da minha casa, longe do meu país, distante da minha vida, me sinto alheio ao mundo, solitário sob um sol escaldante em uma praia abafadiça. Quando se desconhece o ambiente à nossa volta, nos conhecemos melhor, olhamos para dentro num exercício de autoconhecimento, provamos da incerteza, do medo, do pânico. O instante que precede o desespero é profundamente introspectivo e fotográfico, e ainda mais intenso que a própria manifestação física do desespero. A lembrança desses momentos é para mim como fotografias do sentir, retratos precisos e marcantes da natureza humana, impossíveis de serem apagados ou esquecidos.

29 maio 2010

Monho de Maré - Seixal #1

Enxergar a beleza na ruína, é ver mais do que os olhos nos permitem. Edifícios degradados exalam por todas as suas frestas luz e perfume de estóras por contar. Pessoas que neles viveram ou trabalharam antes do abandono, e também os que por lá passaram depois, emprestando um pouco da própria degradação solitária, mais o tempo e o clima, moldaram a personalidade de cada construção. Escondida entre torres de espelhos e aço, a ruína reflecte ainda mais do que o próprio espelho o fatal destino das cidades modernas.


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